Viagens na minha terra é um autêntico marco do romantismo português. Almeida Garrett realizou aqui o seu ideal estético: criar uma literatura que brotasse naturalmente da sua própria vida. Das viagens vividas pelo autor em 1843, surge este relato sobre as curiosidades, o modo de ser e as paisagens da terra portuguesa.
A ousadia de Garrett inovou a prosa em Portugal, subvertendo os rígidos padrões clássicos então vigentes, com um estilo irônico e acentuadamente informal. Recurso que permitiria ao autor elaborar um panorama vivo e apaixonado de seu tempo: uma época conturbada, em que o país encontrava-se dividido entre a revolta contra a monarquia e o liberalismo burguês.
As viagens do visionário Garrett, que sonhou com uma sociedade livre e igualitária, tornaram-se fundamentais para a literatura portuguesa. De Camilo a Eça, de Júlio Dinis ao contemporâneo Saramago, são múltiplas e decisivas as influências desta obra, cuja presença atravessa o tempo e chega ao leitor de hoje garantindo o prazer de uma leitura vívida e incomparável.