Com as críticas ao professor tradicional, a exigência por inovação e a redefinição das funções da escola, o ofício de professor - que Hannah Arendt relacionava à transmissão e à renovação do mundo comum - vem sendo desqualificado. E as pessoas que o exercem estão sendo redefinidas como mediadoras, coaches, animadoras de aula ou impulsionadoras das aprendizagens autônomas. Ao mesmo tempo, são submetidas cada vez mais à "reciclagem" permanente, à precariedade laboral, à perda de sua autoridade simbólica e à dissolução do sentido público (e, portanto, independente) de seu trabalho. Reagindo a essa constatação, os autores deste livro dedicam tempo e atenção às formas, aos gestos e às materialidades que compõem o ofício de professor.
Os organizadores deste volume, Jorge Larrosa, Karen Christine Rechia e Caroline Jaques Cubas, colaboram há anos em um projeto de largo alcance orientado a pensar e a defender a escola pública (tão ameaçada) e a dignificar o ofício de professor (tão precarizado). No marco desse projeto, foram organizadas algumas das atividades que deram lugar a este livro, assim como a Elogio da escola e, em breve, a Elogio do estudo.