As pessoas autistas apresentam frequentemente um interesse particular por um objeto, um tema ou uma prática. Não é, então, indispensável considerar essa afinidade como uma escolha indicando a via a ser tomada para que um reencontro seja possível? Aqui está nosso ponto de partida: seguir o sujeito autista e potencializar suas invenções, pois elas dizem respeito a um objeto a partir do qual ele explora o mundo ou sua relação com a voz e com o que ela transporta - o peso de uma enunciação. Tais dimensões, que devem ser apreendidas, são essenciais para permitir às pessoas autistas uma inscrição no campo da fala. Assim, esta obra não propõe um protocolo aplicável a todos. Ao contrário: ela é um convite a bricolar uma solução para cada qual. Essa aproximação psicanalítica, atenta à singularidade de cada sujeito, se dedica a fazer surgir uma possibilidade de ser no mundo.