Das diatribes de um herdeiro frívolo na cidade do Rio de Janeiro ao diário do personagem central de um dos levantes populares mais importantes da história brasileira, volume reúne dois raros folhetins escritos por João do Rio.
Escritor mais jovem a conquistar uma vaga na Academia Brasileira de Letras, aos 29 anos e em sua terceira candidatura, João do Rio (1881-1921), famoso escritor-jornalista autor de crônicas de sucesso na imprensa, foi atacado por opositores: o conhecido cronista nunca se dedicara a escrever um romance. Talvez para se defender, o autor se lançou na escrita de um romance que, como era comum na época, começou a ser publicado no formato de folhetins, no jornal Gazeta de Notícias , em 1910. Trata-se de A profissão de Jacques Pedreira , que acabou sendo o único romance feito por ele e é uma pérola da observação social da alta sociedade carioca.
Filho de família rica, Jacques Pedreira é o famoso alpinista social, pouco chegado ao trabalho e amante da vida fácil, que um dia recebe um ultimato do pai: precisa arrumar um trabalho. Assim se inicia a trama, que funciona como um roman à clef bastante revelador de figuras conhecidas do cenário político carioca da época.
Completa o volume um outro texto, de teor completamente diverso. João do Rio sempre se destacou por ter buscado escutar a gente do povo. Por isso, quando ocupava o cargo de redator-chefe da Gazeta de Notícias , em 1912, foi natural que os leitores reconhecessem ser dele o folhetim, publicado em doze episódios, no qual o desfecho de um episódio marcante da história brasileira ganhava uma versão totalmente diferente do usual. Depois de dois anos encarcerado, João Cândido, líder da Revolta da Chibata, conhecido pela alcunha de "almirante negro", deixava a prisão e concedeu uma longa entrevista ao jornalista carioca. Dela nasceu a "palpitante narrativa", em primeira pessoa, lançada sob o título de Memórias de João Cândido . Como um diário, ela descreveu a saga do marujo antes e depois do levante, denunciando todos os maus tratos sofridos por ele tanto nos navios como no cárcere.