"O pensador e o crítico estão presentes e passam a perna no romancista. Em cadernetas, os dois elaboram e desenvolvem anotações sob a forma de folhetins que deixam à mostra o longo processo de criação do romance brasileiro. Silviano Santiago decide expor ousadias e riscos, manobras e estratégias que surpreendem a solidez de obras canônicas da literatura dita universal por viés nevrálgico. O grande relógio nietzschiano diz que a cultura brasileira, e nela a literatura, recomeça hoje.
A Editora Nós entrega ao leitor o primeiro dos três "cadernos em andamento" em que um dos nossos mais importantes autores contemporâneos repensa, e suplementa, a maturidade alcançada nos trópicos pela literatura brasileira. Parte de projeto contrastivo entre as obras de Machado de Assis e de Marcel Proust, "O grande relógio: a que hora o mundo recomeça" visa a solicitar ("abalar o todo", etimologicamente) os fundamentos da literatura comparada eurocêntrica - a saber, as noções de influência, cópia e originalidade. Se viver é perigoso, avisa o ensaio em forma de alerta, desconstruir é ainda mais perigoso. Acolhamos Silviano Santiago em folhetim, em série e em processo."